27/09/17

O que fica





























Porto dos Fusos | junho 2017



    Na aldeia em que a minha mãe nasceu, uma semana depois do episódio que nos deixou de coração nas mãos, a minha avó e a minha tia mostram-nos o que ficou. Uma flor que no meio de cinzas e folhas secas insiste em florescer, os animais que, ainda assustados, andam ocupados nas suas vidas e nos motivam a fazer o mesmo. Qualquer sinal de vida é agora ainda mais precioso no contraste com a falta dela, com as árvores que desapareceram, secaram ou murcharam, com o palheiro que desabou. Depois do terror e do medo, o que fica são os exemplos vivos de quem não pára para se lamentar mas continua a procurar luz no meio do escuro, que depois dos relatos emocionados de um dos piores dias das nossas vidas e com o negro cenário com que têm de se deparar todos os dias a lembrar o que perderam, continuam a ser capazes de rir e apreciar o que de bom ficou. O exemplo que dão mesmo sem se aperceberem - há coisas que nenhum fogo nos pode levar.

23/09/17

Anita























                                                                             junho 2017




"É tão bom uma amizade assim
Ai, faz tão bem saber com quem contar "
                                        
                                           - É tão bom, Segio Godinho


22/09/17

Histórias de amor inventadas


   Deixam-se ficar para trás para não desperdiçarem um só segundo da vida um do outro, nesta urgência de partilharem o mesmo ar, as mesmas cores, os mesmos cheiros, os mesmos sons. Não se largam, nesta necessidade de se fundirem, de quase se transformarem num único corpo que sente tudo com o dobro da intensidade - dois corações que batem descompassados e milhares de borboletas partilhadas na barriga.



Coimbra | junho 2017



   Ele usa sempre roupas lisas, já ela é dos padrões. Ele viu o cabelo perder a cor mas ela não se permite tal coisa. Todas as manhãs vão ao café, ele bebe sempre o mesmo galão, ela vai variando os chás. Todas as manhãs ele puxa para a esquerda e ela para a direita. Dão o braço a torcer à vez mas acabam por ir sempre juntos, de mão dada, na mesma direcção.

13/09/17

03/09/17

First breath after coma






































                                                       Sertã/Coimbra | fevereiro 2017